As ações são o verso. No reverso se encontram os sentimentos e fantasias.
A complementariedade fica clara, quando a análise se ocupa não apenas das
ações, mas também dos sentimentos e das fantasias, que são o apoio e a razão de
ser das atitudes, quer do agressor, quer da vítima.
E quais são os sentimentos e fantasias que estão subjacentes às atitudes
de vítima e de agressor?... Que dificuldades especiais têm um e outro
personagem?... - O agressor não receia ostentar atitudes que lhe garantam estar
por cima, demonstrando não se importar do que possam pensar os outros. É muito
mais tenebroso para ele estar por baixo e sentir-se humilhado do que ser visto
demonstrando frieza e crueldade. - A vítima, por sua vez, ostenta atitudes que
a colocam por baixo. Muitas vezes até chama a atenção dos outros para que sua
condição de vítima fique bem manifesta, de forma a tornar inequívoca sua
condição e de que é o agressor o responsável. Para ela é tenebroso estar por
cima e sentir-se culpada por ocupar uma situação de superioridade frente a quem
a agride. Um vê e reconhece no outro aquilo que tem mais dificuldade de ver e
reconhecer em si mesmo.
O grau de conivência, a cumplicidade entre o agressor e sua vítima é algo
muito difícil de definir. Quanto maior clareza a pessoa passa a ter com
relação a si mesma e a dinâmica determinada por seus sentimentos e fantasias mais condição ela terá de conter-se e de orientar-se.
Com maior ou menor intensidade, atitudes de agressor e de vítima são
tomadas por todos nós, diariamente. É só observar com um pouco mais de atenção
tudo o que fazemos e perceberemos como elas estão presentes. Tentamos tirar
vantagens das situações em que nos envolvemos, ora agredindo, ora permitindo
que nos façam de vítima.
Postado por José Morelli
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