quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Maniqueismo

De acordo com dados históricos, maniqueísmo é a doutrina ensinada por Mani, no século III, na Pérsia, segundo a qual o Universo é a criação de dois princípios que se combatem: o bem ou Deus e o mal ou o demônio.
Embora a ideia maniqueísta remonte há tanto tempo, a tendência de julgar a realidade assim, de uma  forma tão simplificada (reducionista), que rotula superficialmente tudo, dentro de características extremas e contrárias é muito frequente, ainda nos dias de hoje.

A bondade e a maldade são vistas e consideradas como inatas: alguns teriam nascido do bem e para o bem, enquanto outros teriam nascido do mal e para o mal. Este tipo de pensamento, evidentemente, nega o princípio do livre-arbítrio e de possíveis mudanças nas trajetórias das vidas, influenciadas pela vontade livre dos indivíduos e pela força dos exemplos de uns sobre outros.

Nas histórias infantis, novelas e filmes, romances e aventuras, bem como nos jogos eletrônicos o que dá sabor e emoção a esses entretenimentos é, exatamente, a presença desses dois princípios, em lutas infindas, representados pelas mais variadas formas.

O medo e a insegurança dificultam o discernimento mais acurado e justo dos fatos e das pessoas. A situação de violência urbana, que ocupa a maior parte dos noticiários, atualmente, contagia as pessoas com uma sensação de impotência, levando-as a julgamentos impulsivos, nos quais a violência deveria ser combatida de uma forma irredutível, mesmo que mediante uso de outra violência. Enquanto a primeira é vista e interpretada como fruto da iniquidade herdada ou congênita, a segunda é entendida como defensora dos bons e do sumo bem. 

Dentro dessas perspectivas, alguns pensam que o extermínio sumário dos malfeitores serviria ao saneamento e à purificação da sociedade, levando-a a uma definitiva solução de todos os problemas: a utopia de um céu aqui na terra. 

Por José Morelli

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