De
acordo com dados históricos, maniqueísmo é a doutrina ensinada por Mani, no
século III, na Pérsia, segundo a qual o Universo é a criação de dois princípios
que se combatem: o bem ou Deus e o mal ou o demônio.
Embora
a ideia maniqueísta remonte há tanto tempo, a tendência de julgar a realidade
assim, de uma forma tão simplificada
(reducionista), que rotula superficialmente tudo, dentro de características extremas
e contrárias é muito frequente, ainda nos dias de hoje.
A
bondade e a maldade são vistas e consideradas como inatas: alguns teriam
nascido do bem e para o bem, enquanto outros teriam nascido do mal e para o
mal. Este tipo de pensamento, evidentemente, nega o princípio do livre-arbítrio
e de possíveis mudanças nas trajetórias das vidas, influenciadas pela vontade
livre dos indivíduos e pela força dos exemplos de uns sobre outros.
Nas
histórias infantis, novelas e filmes, romances e aventuras, bem como nos jogos
eletrônicos o que dá sabor e emoção a esses entretenimentos é, exatamente, a
presença desses dois princípios, em lutas infindas, representados pelas mais
variadas formas.
O medo
e a insegurança dificultam o discernimento mais acurado e justo dos fatos e das
pessoas. A situação de violência urbana, que ocupa a maior parte dos noticiários,
atualmente, contagia as pessoas com uma sensação de impotência, levando-as a
julgamentos impulsivos, nos quais a violência deveria ser combatida de uma
forma irredutível, mesmo que mediante uso de outra violência. Enquanto a
primeira é vista e interpretada como fruto da iniquidade herdada ou congênita,
a segunda é entendida como defensora dos bons e do sumo bem.
Dentro dessas
perspectivas, alguns pensam que o extermínio sumário dos malfeitores serviria
ao saneamento e à purificação da sociedade, levando-a a uma definitiva solução
de todos os problemas: a utopia de um céu aqui na terra.
Por José Morelli
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