sábado, 23 de junho de 2012

Arte de Imitar

Desde bem pequena, a criança demonstra que possui a capacidade de apreender e imitar os comportamentos dos adultos. Ao brincar, é comum a menina inverter os papéis: ela é a mamãe, enquanto que a boneca é o nenê. Nesse jogo, ela se exercita em reproduzir o jeito de ser e de se comportar de sua mãe, nas palavras e nos gestos, ao falar com sua boneca, dando-lhe comida ou chamando-lhe a atenção.

Se um adulto se predispõe a brincar de escolinha com uma criança, dificilmente esta aceitará ficar na posição de aluno. Logo assume uma postura de autoridade, impondo-se exigindo de seu par que este se comporte de acordo com o que lhe é apropriado.

Ao brincar de carrinho, o menino imita os gestos do motorista: no jeito de virar a direção, de buzinar, de reproduzir os sons do veículo.  As imagens do que se pode fazer com uma bola muito cedo vão sendo captadas pelos olhos e pelas mentes das crianças. Umas têm mais facilidade de reproduzi-las outras têm menos. Da imitação nasce, depois, a criatividade: junção do novo com o velho. Nesse processo, habilidades vão se aprimorando. 

O ser humano tem construído culturas, no decorrer de toda sua história. No convívio com a natureza e com os animais, ele aprendeu a imitar gestos e movimentos que se transformaram em danças, bem como sons que se transformaram e belíssimas melodias. O repertório de maneiras de expressar a vida, em seus aspectos positivos e negativos, é inesgotável. O movimento das ondas do mar, o vôo dos pássaros, o modo de andar e de saltar de alguns bichos, as cores e os sons, encontrados na natureza, sempre inspiraram artistas e não-artistas.

A sociedade evolui. A competição é acirrada em todos os sentidos. A transmissão de modelos de uns para com os outros é imprescindível. Não basta a imitação das formas concretas de se responder às necessidades, é preciso também desenvolver modelos que inspirem avanços nas maneiras de sentir e de interpretar a existência humana e de tudo o que dela participa.

Por José Morelli

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