Manifesto é aquilo que projetamos, de nós, para fora. Latente é o que, de nós, procuramos esconder aos outros, impedindo que apareça. Tanto o manifesto, como o latente faz parte de nossa maneira de ser completa. São como faces de uma mesma moeda.
Se quisermos ser bons e honestos,
o que permite orientarmos nossa vida através desses preceitos é o sentido que
trazemos do que não é bom e honesto, para nós, e do que não o é. Tentamos fugir
de tudo o que tem características de maldade e de desonestidade. Na forma de
ideias, estão, em nosso pensamento, o bem e o mal. Em nosso sentimento, essas
ideias que, por qualquer movimento mais brusco, podem trincar e mesmo quebrar-se.
Na medida em que fortalecemos o
pensamento, aprofundando o sentido das coisas e encaramos os próprios
sentimentos, reconhecendo-os na força e na fragilidade que lhes são próprios,
desmascaramos e desvendamos a ambivalência que existe em nós.
Policial e bandido se
complementam em suas funções. Ao primeiro cabe agir de forma a inibir e coibir
a ação do bandido, considerada como um mal para a sociedade. O bandido procura
ludibriar o policial o quanto lhe é possível. O que é manifesto em um está
latente no outro e vice-versa. O bom policial, no seu outro lado no seu latente,
tem que ser tanto ou mais esperto na malandragem, na arte da maldade, do que o
bandido, para poder superá-lo.
Muitas vezes, o incômodo que
sentimos por certos defeitos em outras pessoas, se deve, justamente, a esse
tipo de semelhança. No latente, esses defeitos nos ameaçam, nos dão medo. A
forte ligação emocional de repulsa e o nosso inconformismo fazem com que nos
incomodemos tanto: Somos demais parecidos com aqueles ou aquelas com quem não
queremos nos assemelhar.
Postado por José Morelli
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