De que toda e qualquer pessoa tem sua própria história, isto é um fato,
independentemente de sua vida e seus feitos serem ou não registrados por escrito
ou constarem em documentos. O peso, o valor de cada pessoa é real e é
inevitável que algum sinal de sua passagem permaneça. Pelo sim ou pelo não, a
trajetória de cada pessoa no curso de sua vida, não deixa de provocar
influências nas vidas de outras pessoas, bem como no conjunto da sociedade.
A historicidade não é só a história de cada um, mas também a soma das
histórias de todos. A certidão de nascimento pode servir como símbolo do
momento em que começa a história de cada indivíduo. Aqueles desenhos e traços
deixados pelos antigos habitantes das cavernas (pinturas rupestres) são sinais
de pessoas que, sem nenhuma intenção, deixaram documentados momentos em que a
humanidade dava seus primeiros passos de manifestações culturais e de
historicidade.
Hoje, os sinais se multiplicam. As histórias de cada um de nós, além de
serem guardadas na memória de todos os que podem nos observar, de perto ou de
longe, são também captadas por inúmeros instrumentos, que esta nossa sociedade
moderna criou e os utiliza a fim de que, com eles, concretize alguns de seus
objetivos. Não estamos assim tão livres e soltos no ar como poderíamos
imaginar. A história nos prende uns aos outros. Ter uma noção deste elo,
situar-se e entender-se nesse contexto mesmo que de forma limitada é, sem dúvida,
uma expressão de nossa verdade. Precisamos ter essa consciência. É um mínimo indispensável
para que não fiquemos à margem de nossa própria realidade, da realidade das
outras pessoas e do meio em que estamos vivendo.
E se acreditamos que nossa vida, bem como a de toda humanidade, tem
objetivos, essa consciência da própria historicidade é ainda mais necessária,
para que nossas contribuições pessoais se orientem no sentido, que julgamos
serem mais coerentes com esses objetivos.
Somos seres históricos. Nossa história pessoal se entrelaça com a
história de nosso grupo e com a de todos os nossos contemporâneos. Nossos
pensamentos e convicções podem encontrar ressonância e ecoar pelo mundo,
permitindo-nos influenciar, com nossa pequena parcela de contribuição, nos
rumos dos acontecimentos.
Por José Morelli
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