Na psicoterapia individual ou em
grupo (com um número relativamente pequeno de membros) é possível trabalhar num
sentido profilático. Na interação terapeuta/paciente, busca-se detectar,
avaliar e controlar, o quanto possível, esses fatores para que não impeçam ou
dificultem a expansão da saúde e do bem-estar paciente. Nessa dimensão menor, o
trabalho pode atender às pessoas na subjetividade de cada uma delas. Nem tudo
faz mal a todos da mesma maneira, assim como nem tudo faz bem a todos da mesma
maneira. Na verdade, cada um é cada um e as reações provocadas por um mesmo
fator podem ser diferentes de indivíduo para indivíduo.
Na dimensão maior da sociedade, é
possível também detectar certos fatores que impedem ou dificultam o
desenvolvimento da saúde psicológica, nos indivíduos e nos grupos. A
psicologia, associada a outras ciências humanas, tem condições de contribuir,
tanto para a correta definição destes como para a identificação das maneiras de
intervir no meio social, a fim de eliminá-los (se possível) ou controla-los.
A miséria e a fome, a presença e
o aumento de doenças endêmicas, a falta do mínimo básico de instrução, o
tratamento injusto e o não reconhecimento da dignidade pessoal, a manipulação
da informação tendo em vista o interesse de minorias privilegiadas, são fatores
que quebram a espinha dorsal das personalidades humanas. Esses fatores fazem
mal à saúde da sociedade como um todo.
A necessidade de crescimento
econômico e acerto nas contas governamentais não justificam o sacrifício imediato
imposto às grandes massas de trabalhadores, desempregados e aposentados (e
respectivas famílias). A meu ver, o atual momento nacional não passa pelo teste
de qualidade de uma acurada avaliação psicológico-profilática.
Postado por José Morelli