O diapasão é aquele aparelhinho
metálico em forma de forquilha. Ao ser golpeado contra uma superfície, suas
duas extremidades vibram produzindo a nota que será utilizada para afinar as
vozes ou um instrumento musical. De certo modo, os sons possuem precisão
matemática, fazendo parte das ciências exatas com características de
materialidade quantificada. Por outro lado, a música produzida pelos sons
possui características que ultrapassam sua dimensão quantitativa apenas. Possui
alma, elevação, sublimidade e conectividade com algo ainda maior e abrangente.
Os sons harmônicos e desarmônicos
se encaixam ou se desencaixam nas melodias, provocando respostas nos ouvidos e
na sensibilidade de quem as aprecia. Podem, assim, vir ao encontro da
necessidade emocional do momento de cada pessoa.
Num período como este, de
pandemia, em que estamos vivendo, ao buscarmos encontrar apoio diante das
dúvidas que pairam em nossas mentes, talvez precisemos nos utilizar de uma
espécie de diapasão que nos afine em nosso ser interior e exterior. Partindo de
nossa realidade concreta, sem negá-la ou subestimá-la, da mesma forma como a
superfície em que é golpeado o diapasão, ampliarmos a percepção da realidade
por inteiro na qual nos inserimos.
Trata-se de uma proposta que
merece, pelo menos, ser tentada. Vale experimentá-la. Vale acionar a mente no
sentido de coloca-la em sintonia com as sensações que vibram em nosso próprio
corpo, avaliando-as em suas intensidades, entendendo-as em suas mensagens,
estabelecendo um diálogo com a intimidade de cada uma delas.
Postado por José Morelli