Talvez, por ser tão efêmero, tão
passageiro, o existencial não foi, no pensamento mais clássico do passado,
valorizado como medida confiável de expressão da verdade. O existencial, em seu
todo, está sujeito a muitas interveniências. Não consegue ser mantido a salvo
das variáveis que interferem em seu modo de responder aos estímulos com os
quais interage. Por isso, para não
extinguirmos nossa pretensão de podermos alcançar verdades menos transitórias e
mais permanentes, é que descartamos o existencial como balizamento de nossos entendimentos
racionais.
Transitamos numa vida que nossos
sentidos percebem manter uma linha de continuidade. O presente nos liga ao
passado e ao futuro, como um elo de corrente. Na medida em que avançamos, o
passado não deixa de permanecer em nós. Vai sendo arquivado no fichário de
nossa memória, deixando sinais de sua passagem, inclusive em nosso corpo. Como
nas imagens de uma câmera de televisão, instalada nos carros de corrida, vemos
o futuro chegando rápido e se transformando logo em passado. Tamanha velocidade
não experimentávamos em um passado não tão distante. A velocidade nos dá a
sensação de que estamos vivendo com mais intensidade, que estamos descobrindo
sensações novas, mistérios até pouco escondidos da vida humana. Como é excitante experimentá-los!
Que curiosidades satisfazemos ao explorá-los, descobrindo-nos em capacidades
pessoais que antes desconhecíamos.
O existencial somos nós enquanto
nos percebemos vivos. O existencial somos nós em cada uma das fases de nosso
existir, desde o nosso nascimento. Enriquecemo-nos atribuindo sentidos às
sensações corporais vivenciadas, sejam elas de dor, alegria, vitória ou
fracasso.
Postado por José Morelli