Nos 353 anos de história deste nosso querido bairro, um dos acontecimentos mais importantes que se deu aqui foi o do pernoite de Dom Pedro I, num casarão que se localizava onde hoje se encontra a Agência do Banco do Brasil, ali bem próximo da antiga Matriz, cuja denominação atual é Santuário Eucarístico de Nossa Senhora da Penha. A parte da frente desta igreja chama a atenção do olhar de todos os que, advindos do centro da cidade, chegam ao bairro subindo pela Rua Coronel Rodovalho, também conhecida como Ladeira da Penha.
A chegada à Freguesia Penhense da
Comitiva Real se deu no final da tarde do dia 24 de agosto de 1822, depois de o
Príncipe Regente e seus acompanhantes, vindo do Rio de Janeiro e tendo passado
por várias cidades do Vale do Paraíba, completando assim mais um dia inteiro de
exaustiva viagem. Documentos da época atestam que, pela necessidade de serem
despachadas algumas ordens, que deveriam ser cumpridas enquanto o governante
permanecesse no centro da Vila de São Paulo, foi preciso que se instalasse, no
lugar e em caráter provisório, o Paço Imperial da Freguesia de Nossa Senhora da
Penha de França. No dia seguinte, 25 de agosto, Dom Pedro e comitiva
participaram de uma missa no interior da Igreja e, terminada a celebração,
deram continuidade à histórica viagem. Passados poucos dias, em sete de
setembro e às margens do riacho do Ipiranga, Dom Pedro proclamou a
Independência do Brasil, instituindo-o como nação liberta dos laços que o uniam
ao Reino de Portugal.
Quanto ao aniversário de 353 anos
de existência histórica da Penha, de acordo com o que atesta o saudoso
historiador penhense, Dr. Sylvio Bomtempi, em seu livro intitulado “Penha
Histórica”, o documento mais antigo em que é citada a presença da primitiva
igreja de Nossa Senhora da Penha traz a data de 11 de fevereiro de 1667.
Portanto, neste ano de 2020 a Penha está completando 353 anos. Com a presença
da capela, na qual já se encontrava a imagem de sua padroeira, suas formas já
podiam ser reconhecidas desde as localidades mais distantes. Seu nome e o da
santa à qual era dedicada passou a identificar também o seu entorno que não
demorou de ser ocupado por outras moradias, formando um primitivo núcleo
habitacional, embrião do qual surgiu e se desenvolveu o bairro na forma como ele
é hoje.
O Dr. Bomtempi, no livro acima citado, demonstra claramente que
o fundador da Penha é o Padre Jacinto Nunes de Siqueira. A esta importante
personalidade a Penha deve a existência e a continuidade da igreja e dos
desdobramentos que a ela se seguiram. (matéria publicada em setembro de 2020).
Postado por José Morelli