quarta-feira, 20 de julho de 2022

Dom Pedro I e sua passagem pelo bairro da Penha

 Nos 353 anos de história deste nosso querido bairro, um dos acontecimentos mais importantes que se deu aqui foi o do pernoite de Dom Pedro I, num casarão que se localizava onde hoje se encontra a Agência do Banco do Brasil, ali bem próximo da antiga Matriz, cuja denominação atual é Santuário Eucarístico de Nossa Senhora da Penha. A parte da frente desta igreja chama a atenção do olhar de todos os que, advindos do centro da cidade, chegam ao bairro subindo pela Rua Coronel Rodovalho, também conhecida como Ladeira da Penha.

A chegada à Freguesia Penhense da Comitiva Real se deu no final da tarde do dia 24 de agosto de 1822, depois de o Príncipe Regente e seus acompanhantes, vindo do Rio de Janeiro e tendo passado por várias cidades do Vale do Paraíba, completando assim mais um dia inteiro de exaustiva viagem. Documentos da época atestam que, pela necessidade de serem despachadas algumas ordens, que deveriam ser cumpridas enquanto o governante permanecesse no centro da Vila de São Paulo, foi preciso que se instalasse, no lugar e em caráter provisório, o Paço Imperial da Freguesia de Nossa Senhora da Penha de França. No dia seguinte, 25 de agosto, Dom Pedro e comitiva participaram de uma missa no interior da Igreja e, terminada a celebração, deram continuidade à histórica viagem. Passados poucos dias, em sete de setembro e às margens do riacho do Ipiranga, Dom Pedro proclamou a Independência do Brasil, instituindo-o como nação liberta dos laços que o uniam ao Reino de Portugal. 

Quanto ao aniversário de 353 anos de existência histórica da Penha, de acordo com o que atesta o saudoso historiador penhense, Dr. Sylvio Bomtempi, em seu livro intitulado “Penha Histórica”, o documento mais antigo em que é citada a presença da primitiva igreja de Nossa Senhora da Penha traz a data de 11 de fevereiro de 1667. Portanto, neste ano de 2020 a Penha está completando 353 anos. Com a presença da capela, na qual já se encontrava a imagem de sua padroeira, suas formas já podiam ser reconhecidas desde as localidades mais distantes. Seu nome e o da santa à qual era dedicada passou a identificar também o seu entorno que não demorou de ser ocupado por outras moradias, formando um primitivo núcleo habitacional, embrião do qual surgiu e se desenvolveu o bairro na forma como ele é hoje.

O Dr. Bomtempi, no livro acima citado, demonstra claramente que o fundador da Penha é o Padre Jacinto Nunes de Siqueira. A esta importante personalidade a Penha deve a existência e a continuidade da igreja e dos desdobramentos que a ela se seguiram. (matéria publicada em setembro de 2020).

Postado por José Morelli

Origem mítica do bairro da Penha de França

 A origem histórica do Bairro da Penha de França foi e é contada a partir dos documentos mais antigos, que continham informações relevantes sobre os primeiros acontecimentos, determinantes dos desdobramentos subsequentes. Já a origem mítica, a respeito da qual é objetivo de se falar neste texto, a mesma se baseia naquilo que, boca a boca, foi transmitido de geração para geração. Trata-se de uma versão não racional ou objetiva (da inteligência), mas da vontade ou subjetiva (do coração e da crença).

A origem mítica da cidade de Roma é contada, referindo-se aos seus fundadores, os gêmeos: Rômulo e Remo. Estes, ainda recém-nascidos, tendo sido abandonados numa floresta, só sobreviveram por que foram amamentados por uma loba. Pouco antes de encontrá-los, a loba havia perdido seus filhotes. Fatos dessa natureza não são comuns e só encontram explicação em forças maiores que as tenham provocado.

Desde a época dos bandeirantes, das cidades por eles fundadas, algumas destas também possuem versões míticas quanto às suas origens. A nossa Penha de França se inclui nessa regra. Reza a lenda que um viajante francês, passando por aqui, trazia consigo a imagem de Nossa Senhora da Penha. Estando à meia encosta da colina, resolveu descansar um pouco antes de continuar viagem. Algumas horas depois, despertou, juntou seus pertences e retomou viagem. Tendo cavalgado por mais algum tempo, percebeu que a imagem não se encontrava com ele. Voltando ao lugar onde havia descansado não é que a imagem estava ali!... Tomou-a em suas mãos e a carregou consigo novamente. Por três vezes, aconteceu o mesmo fato. Com isso, o francês entendeu que Nossa Senhora estava transmitindo-lhe uma mensagem. Era naquele lugar que ela queria permanecer. Providenciou, então, que ali fosse construída uma pequena capela, onde a imagem passou a fazer moradia.

Para aqueles que nascem ou vivem em um determinado lugar é sempre reconfortante pensar que algum desígnio superior, fez com que o santo ou a santa escolhesse o mesmo lugar para morar. Toda lenda revela um modo de pensar e de sentir dominante em uma época. A lenda do francês é histórica enquanto revela a maneira como o povo interpretava o fato de a imagem, desde tempos imemoriais, ter chegado à Penha e aqui permanecido até os dias de hoje.

Postado por José Morelli