No dicionário encontramos a seguinte definição do termo “catarse”: “efeito salutar provocado pela conscientização de uma lembrança emocional e/ou traumatizante, até então reprimida”. Essa lembrança proporciona o resgate, isto é, a recuperação de alguma coisa que nos pertencia e, da qual, sentíamos falta. Com ela, solvemos uma pendência, voltando a nos sentir em paz, quites conosco mesmos. Estes efeitos contribuem para a saúde, são salutares, como diz a definição do Aurélio.
Quando nos
sentimos livres e confiantes diante de alguém e conseguimos falar, deixando que
o nosso pensamento flua, associando as idéias, vamos nos recordando de antigos
acontecimentos que se encontram em nossa mente, como se estivéssemos
vasculhando o fundo de um poço, no qual, tempos passados, deixamos cair um anel
precioso perdendo-o. Vamos raspando, com o balde, o fundo e, a cada retirada,
trazemos lembranças de pedaços de nossa vida. Com alguns deles percebemo-nos
mais em harmonia, com outros não. Vivências que ficaram mal-resolvidas e que
comprometeram a paz conosco mesmos e com a vida mais ampla em torno da qual
gravitávamos.
Identificamo-nos
com aquilo que consideramos ser nosso. Somos um pouco o anel valioso que havíamos
perdido. Sem ele, não nos sentimos completos. Falta-nos alguma coisa. Somos
aquela expectativa, por longo tempo alimentada e que não conseguimos realizar.
O anel perdido pode representar qualquer coisa que, um dia, nos tenha fascinado
e que não conseguimos alcançar.
Do passado,
temos, também, situações desagradáveis que não conseguimos impedir que
acontecessem conosco e nos deixassem marcas profundas. Não nos sentíamos
preparados para enfrentá-las. O máximo que conseguimos foi jogá-las em algum
canto de nosso subconsciente, esquecendo-as até o momento em que estivéssemos
mais amadurecidos para trazê-las de volta, revendo-as e enfrentando-as já com
melhores condições de entendê-las e de assimilá-las.
Postado por José Morelli
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