segunda-feira, 25 de outubro de 2010

E Hoje?

Sabe o que me deixa louca com as novelas? Nunca aparece um casal em que ambos trabalham, chegam em casa, dividem as tarefas e são felizes, para ser sincera não aparece nem os que são infelizes, simplesmente é ignorado o fato de casais que trabalham e não tem dinheiro para a empregada e a babá.

Não é novidade para ninguém que os meios de comunicação criam tendências, estimulam comportamentos, mas por que não fazer isso com eficiência?

A roupa de tal, o carro do outro, o cabelo da beltrana, a família da cicrana.

O século XIX foi o ápice da histeria, a repressão sexual, a vida da mulher era para facilitar a dos homens, não precisavam querer entender de política ou outros assuntos similares, caso aprendessem a ler, leriam romances, se fosse para aprender algo além dos trabalhos domésticos que aprendessem a tocar piano para seus maridos. Deveriam ser boas donas de casa e mães, não precisavam ter prazer no sexo, apenas satisfazer seu esposo.

Já no século XX, que alivio as coisas já estavam melhores, mas só um pouquinho. Com as guerras as mulheres precisaram sair para trabalhar, gostaram de ganhar dinheiro e não somente de ganhar mas de gastar também.

Outros que gostaram dessa conseqüência foram às indústrias que viram no publico feminino um grande potencial de consumo.

Quando seus maridos voltaram da guerra e assumiram seus cargos a mulher já desejava mais e para atingir tal objetivo foram procurar emprego convencendo seu marido de que tal atitude não atrapalharia em seus afazeres domésticos e garantindo ao contratante que suas tarefas profissionais não seriam prejudicadas por possuir uma família. Durante muitos anos isso aconteceu, mulheres esgotadas tentando administrar “suas responsabilidades.”  

Queimamos sutiã, tivemos direito ao voto, mas ainda não aprendemos a educar nossos filhos de maneira igualitária. Bom, talvez igualitária até ensinamos, criamos pessoas que assumem cada vez menos as responsabilidades familiares, além das traições, não sabemos lidar com a divisão de tarefas e com o cuidado com os filhos.

As mães de ontem, criaram seus filhos com muito mais liberdade, mas a disciplina ficou um pouco a desejar, queremos do melhor, só que com menos esforço.

As mulheres não precisam mais de homens que as sustentem e os querem hoje mais participativos e companheiros. Pobres homens não aprenderam a ter algumas malícias domesticas e é aí que começa a crise, como não saber que as roupas são separadas por cores e não se joga cândida em tudo, e qual é o produto que se limpa cozinha, banheiro e as demais partes da casa, que louça suja com óleo tem que lavar e enxaguar mais de uma vez. Isso nunca foi importante, melhor fazer rápido para acabar rápido.

O pior é que no meio da crise da adaptação de um casal existe um novo sabotador social: a HORA EXTRA.

Independente de se receber pela hora extra existe hoje  um clima onde parece que estamos devendo quando saímos na hora exata de nossos empregos, já não precisa mais o chefe olhar feio, os colegas agora também olham, todos se acostumaram a ficar mais um pouco.

Tanta tecnologia e estamos cada vez mais escravos do trabalho, e às vezes isso até serve de alivio, afinal enquanto estamos passando por um processo de adaptação familiar uma dedicação extra no trabalho é vista com bons olhos e não como fuga, pena que algumas vezes estamos mesmo é tentando fugir, a valorização capitalista tem seus benefícios, porém estamos nos distanciando da tolerância para um vinculo maior afetivo e acho que vale a pena pensar nisso.

Luciana Zampar Morelli Delgado